sei não essa coisa da #maternidade ser tão polêmica é porque nos mostra simplesmente que todos saímos de uma xoxota arregaçada (ou de uma barriga cortada), depois de meses de um estado nada racional (que se extende à infância claro) em que tudo o que tínhamos era água pura, calor e o ritmo do batimento cardíaco, dos gases, dos movimentos dos corpos de nossas mães e daqueles que as rodeavam. o contraste do mundo da barriga com o mundo ‘de fora’ mostra que somos nem tanto humanos, mas que somos muito mais animais do que gostaríamos, e por tanto controlamos tanto, ou tentamos controlar isso que é assim mistério de multiplicação da vida. quanta prepotência há no duelo sobre a maternidade. é o seguimento do heterocapitalismo, do qual muitas mulheres também se iludem, de uma incompreensão em larga escala de que algo se perdeu. não falo de uma maternidade arcaica, nem só de mulheres, falo de maternagens, de jeitos de cuidar, e de sair desse controle absurdo sobre aquilo que expressamos e sentimos com o duelo que vivemos entre reprodução social e cuidado reprodutivo. é complicado porque nesse tema se separa muito a percepção da mãe-nova-mulher (na onda das novas maternidades super empoderadas) e a criança (e seus mundos sensíveis em construção, e por outro lado as infâncias idealizadas, etc etc). quem sabe uma pequena viagem à nossa própria vida quando embarrigados poderia mudar um pouco a perspectiva.